Trabajo
Fernando Távora Modernidade Permanente
Resumen
Fernando Távora Modernidade Permanente é o título de um projecto inserido em Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, que congrega uma exposição com o mesmo nome, conferências e publicações. A exposição é sobre a obra de Fernando Távora (1923-2005) mas, longe da ambição de ser monográfica, ou antológica, pretende isso sim oferecer uma leitura transversal da insistente relação que essa obra tem com o exercício do magistério, enquanto Professor de Arquitectura. Trata-se de um conjunto de documentos, ora pertencentes ao âmbito do desenho e da fotografia de Arquitectura, ora ao âmbito documental dos registos existentes sobre as suas aulas, conferências, viagens de estudo. O objectivo final visa incluir a documentação selecionada num todo cuja coerência seja legível, de um modo tão natural como foi colhida ao longo da vida. Este volume constitui o catálogo da exposição e integra um conjunto de textos de autores que também estiveram presentes no ciclo de conferências. Oferece, por um lado, uma visão crítica, ampla e diversificada da obra de Fernando Távora e, por outro, a leitura estrita de registos dessa mesma obra em diversos contextos históricos, balizados pela sua actividade enquanto Professor de Arquitectura. Esse todo não almeja, como já foi referido, abarcar a imensidão e a complexidade do pensamento e da obra de Fernando Távora, mas antes centrar-se no carácter pedagógico desse mesmo pensamento e dessa mesma obra. Visa explorar em que circunstâncias a prática da arquitectura e o mister de professor se contaminam e se deixam contaminar uma pelo outro, em que lugares se cruzam entre si. A exposição divide-se em quatro grandes enquadramentos. Não se trata de épocas marcadas por contextos histórico-culturais, por correntes arquitectónicas estabelecidas pela crítica, nem, muito menos, por tempos abstractamente medidos pelas décadas, embora essas circunstâncias não deixem de ter o seu peso relativo. Trata-se, isso sim, do enquadramento institucional em que o magistério de Távora foi exercido, ou seja, do fundo sobre o qual se inscreveu, de modo quase sempre indelével, a sua acção pedagógica. 1. – 1923-1959. ESBAP I-CIAM-Inquérito. O legado da Escola 2. – 1960-1969. A grande viagem e o regresso. Do país para o mundo, do puxador ao território, a organização do espaço. 3. – 1970-1981. ESBAP II. Bases gerais para uma pedagogia do projecto, da cidade, da arquitectura 4. – 1982-2005. Universidades. Consolidação da autonomia disciplinar e consagração da especificidade pedagógica. Característica da obra de Fernando Távora é, sem dúvida, a semelhante atitude que presidiu à sua concepção (Fernando Távora, “Arquitectura e Urbanismo. A Lição das Constantes”, 1952), que lhe permitiu ser simultaneamente português, portuense e universal, ser simultaneamente moderno e pós-moderno, ser asteca em Teotihuacan, ser ateniense no Parthenon e veneziano em São Marcos. Permitiu-lhe criticar o Mall de Washington e deliciar-se com os Campos Elísios, percorrer os jardins de Quioto e transformar o Convento de Refóios do Lima. Bolonha, o Barredo e a Praça de Santa Maria da Oliveira, o ritual de descalçar os sapatos à entrada do hotel em Tóquio ou a corrida de touros na Monumental do México, tudo se integra num sistema de atenta e permanente compreensão do mundo, que incluía simultaneamente paixão pelo objecto de conhecimento. Távora procurava saber sempre mais e mais sobre tudo aquilo que o emocionava, sempre de um modo relacional, sempre intensamente, mas nunca com sofreguidão. "Nulla dies sine linea" era a sua forma do tempo se adequar permanentemente ao espaço, num ritmo de continuidade que não admitia outros fragmentos que não aqueles cuja coerência pudesse ser validada pelo todo. A condição contemporânea, a sua condição contemporânea só aparentemente se conformava, a consciência histórica não lhe dava tréguas, o mundo tinha nas suas pregas demasiada cultura para se dar ao luxo de ser abúlico, ou conformista, um só segundo que fosse. Daí, a sua modernidade permanente.
|
Autor / es
José António Bandeirinha William Curtis Jorge Figueira Manuel Mendes Max Risselada Daniele Vitale
Editorial
Associação CASA DA ARQUITECTURA, Fundação Cidade de Guimarães, Família Távora, Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva
|